Casos de HIV/AIDS diagnosticados em Irati crescem nos últimos cinco anos

 

Publicado em: 06/04/2017 16:20

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De acordo com dados do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Irati, o número de casos de HIV/Aids diagnosticados em Irati vem crescendo nos últimos cinco anos.

“De 2013 até o presente momento, foram diagnosticados 26 casos de HIV/Aids em Irati. Observamos um aumento significativo de diagnósticos de 2015 para 2016, e somente nos últimos 4 meses foram diagnosticados 7 casos, sendo uma média de 1,75 casos por mês”, alerta Jéssica Cristina Mattos, coordenadora do Programa IST/AIDS e Hepatites Virais da Secretaria Municipal de Saúde de Irati.

No levantamento efetuado pela epidemiologia, em 2013 o município registrou cinco casos diagnosticados, passando para seis, em 2014, caindo para um, em 2015, e chegando a nove no ano de 2016. De janeiro a março deste ano, o número já atingiu cinco diagnósticos.

O estudo epidemiológico que permitiu a constatação deste crescimento foi realizado pela enfermeira Jéssica Mattos, que é pós-graduada em Saúde da Família pela PUCPR, em conjunto com Gustavo Zambenedetti, professor adjunto do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Comunitário (PPGDC) da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), e Mestre e Doutor em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Irati segue cenário nacional

“O Diagnóstico está sendo realizado em todas as faixas etárias, porém, semelhante ao cenário nacional da Aids, nota-se em Irati um aumento de casos entre jovens de ambos os sexos. A falta de percepção sobre o risco de contrair o vírus em uma relação sexual desprotegida, associada ao fato de se ouvir e ver menos sobre a Aids atualmente, gera um desinteresse pelo assunto, em comparação ao que acontecia nos anos 80 e 90, quando pessoas famosas se declararam doentes, causando grande impacto na sociedade e até mesmo um certo pânico”, diz o relatório.

“O fato é que as pessoas sabem que a única forma de proteção é o uso de preservativos, porém não conseguem se perceber em risco diante de uma relação sexual desprotegida com seus parceiros sexuais. Entre os jovens isso se torna mais evidente, pois eles não acompanharam de perto a doença quando ela começou na década de 80, e acaba sendo percebida como ‘doença do outro’, ou seja, como algo distante”, diz Gustavo.

Prevenção é o básico

A camisinha continua sendo a principal forma de prevenção da doença. O seu uso em todas as relações sexuais, sejam elas com parceiros fixos ou eventuais, é indispensável.

Em Irati, há a distribuição de preservativos gratuitamente em unidades básicas de saúde e em pontos estratégicos da secretaria municipal de saúde. Não há a necessidade de solicitar aos profissionais a retirada do preservativo, pois eles se encontram disponíveis em halls de entrada, recepção, sala de espera e outros ambientes.

“Outro aspecto importante é desmistificar as chamadas ‘estratégias imaginárias de prevenção’. Ou seja, são crenças que algumas pessoas têm e que, supostamente, as afastariam do risco de infecção pelo HIV, mas, na verdade, acabam tornando as pessoas vulneráveis ao HIV”, alerta a enfermeira. Gustavo cita como exemplo “a crença de que é só escolher bem o parceiro ou confiar no parceiro”.

A Aids acaba sendo percebida pelas pessoas como algo distante, como uma “doença do outro”. Pelo fato de ser uma doença ainda permeada por preconceitos, a tendência é de que as pessoas que vivem com o vírus não revelem essa informação, ainda mais em municípios de pequeno porte, como Irati, onde também não há movimento social organizado de pessoas com HIV. Desse modo, a sociedade não toma conhecimento de que pessoas com HIV convivem em seu cotidiano, assim como pessoas com câncer, hipertensão ou qualquer outra doença. A maioria das pessoas vivencia o diagnóstico como algo íntimo, de foro privado, causando certa invisibilidade deste tema. Acabamos não percebendo a proximidade do HIV, que pode estar em um familiar, amigo, colega de trabalho, da escola ou da Universidade, num ‘ficante’ ou namorado/a. Também devemos considerar que muitas pessoas têm HIV, mas não sabem, pois nunca fizeram o teste ou não repetiram o teste após a exposição a relações sexuais sem preservativo ou outras formas de infecção.

Exame é rápido e simples

Desde 2013 está disponível gratuitamente para a população iratiense acima de 14 anos, o teste rápido diagnóstico para o HIV. É um exame simples, com algumas gotinhas de sangue retiradas da ponta do dedo. Em 15 minutos é possível saber se a pessoa tem ou não o vírus.

Hoje o teste rápido pode ser encontrado nas Unidades de Saúde da Vila São João, Riozinho, Engenheiro Gutierrez, Lagoa, Rio Bonito, Ademar Vieira de Araújo, Ambulatório da Secretaria Municipal de Saúde e no Centro de Testagem e Aconselhamento, que fica próximo à Farmácia Municipal. O resultado do diagnóstico é sigiloso, sendo entregue apenas para a pessoa que realizou o teste.

Tratamento é gratuito na rede pública

A Aids não tem cura, mas tem tratamento, podendo propiciar uma boa qualidade de vida para a pessoa que vive com HIV. O tratamento é ofertado gratuitamente na rede pública de saúde.

Entretanto, além do preconceito que ainda existe, fazer o tratamento implica adequar-se a uma rotina de consultas, exames e possibilidade de uso contínuo de medicações – os chamados antirretrovirais - os quais podem ter efeitos colaterais. Por isso é importante enfatizar que há tratamento, mas ainda é melhor e mais fácil viver sem HIV.