Irati registra 1º caso de Dengue autóctone

 

Publicado em: 11/04/2019 15:43

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Na manhã do último dia 11, no Centro de Tradições Willy Laars, o prefeito Jorge Derbli, acompanhado das secretárias de Saúde e de Ecologia e Meio Ambiente, em meio aos agradecimentos pelo envolvimento de todos no Dia D, realizado um dia antes (10), anunciou o registro do primeiro caso de dengue autóctone em Irati.

A notícia, confirmada pela secretária de Saúde, Magali Salete de Camargo, é um triste desdobramento dos mais de 400 focos do mosquito Aedes aegypti identificados desde o início do ano no município. A pessoa apresentou os principais sintomas da enfermidade e, assim que constatada a infecção, foi imediatamente hospitalizada. Trata-se da primeira ocorrência da dengue contraída aqui mesmo, em Irati e não foi divulgada a região da cidade em que o caso foi descoberto. Dos 20 casos investigados no município, há ainda outro caso importado de dengue (quando a pessoa contrai em outra cidade).

Na oportunidade em que as autoridades presentes no CT acompanhavam o balanço da mobilização ocorrida um dia antes, a secretária de Ecologia e Meio Ambiente, Magda Adriana Lozinski, avaliou em cerca 40 toneladas o montante de lixo recolhido durante a força tarefa empreendida na cidade. Segundo ela, o lixo centralizado naquele espaço passará por triagem pela Cooperativa e pela Associação dos Catadores. Os demais caminhões que ainda carregam o lixo levarão as cargas igualmente para as duas entidades.

O prefeito de Irati, Jorge Derbli, agradeceu ao empenho de todos os envolvidos na operação de limpeza da cidade e aos moradores que colaboraram. "Este é um processo que não pode parar e precisa prosseguir com a participação de toda a nossa população, ainda mais agora em que registramos este caso de dengue em Irati e confirmamos que a doença realmente está entre nós e pode infectar qualquer um", concluiu Derbli.

O que é dengue

A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus, sendo um dos principais problemas de saúde pública no mundo. É uma doença potencialmente grave, porque pode evoluir para a dengue hemorrágica e a síndrome do choque da dengue, caracterizadas por sangramento e queda de pressão arterial, o que eleva o risco de morte. A melhor maneira de combater esse mal é atuando de forma preventiva, impedindo a reprodução do mosquito.

Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado em janeiro último, em 2018, de 31/12/2017 a 29/12/2018 foram registrados 265.934 casos prováveis de dengue no Brasil, com uma incidência de 127,5 casos/100 mil hab. Destes, 174.724 (65,7%) casos foram confirmados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente com a dengue em mais de 100 países de todos os continentes, exceto a Europa. Cerca de 550 mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em consequência da dengue.

Dengue clássica

A dengue clássica é a forma mais leve da doença, sendo muitas vezes confundida com a gripe. Tem início súbito e os sintomas podem durar de cinco a sete dias, apresentando sinais como febre alta (39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor muscular e nas articulações, indisposição, enjoos, vômitos, entre outros.

Dengue hemorrágica

A dengue hemorrágica acontece quando a pessoa infectada com dengue sofre alterações na coagulação sanguínea. Se a doença não for tratada com rapidez, pode levar à morte.

No geral, a dengue hemorrágica é mais comum quando a pessoa está sendo infectada pela segunda ou terceira vez. Os sintomas iniciais são parecidos com os da dengue clássica, e somente após o terceiro ou quarto dia surgem hemorragias causadas pelo sangramento de pequenos vasos da pele e outros órgãos. Na dengue hemorrágica, ocorre uma queda na pressão arterial do paciente, podendo gerar tonturas e quedas.

Síndrome do choque da dengue

A síndrome de choque da dengue é a complicação mais séria da dengue, se caracterizando por uma grande queda ou ausência de pressão arterial, acompanhado de inquietação, palidez e perda de consciência. Uma pessoa que sofreu choque por conta da dengue pode sofrer várias complicações neurológicas e cardiorrespiratórias, além de insuficiência hepática, hemorragia digestiva e derrame pleural. Além disso, a síndrome de choque da dengue não tratada pode levar a óbito.

Transmissão

A dengue não é transmitida de pessoa para pessoa. A transmissão se dá pelo mosquito que, após um período de 10 a 14 dias contados depois de picar alguém contaminado, pode transportar o vírus da dengue durante toda a sua vida.

O ciclo de transmissão ocorre do seguinte modo: a fêmea do mosquito deposita seus ovos em recipientes com água. Ao saírem dos ovos, as larvas vivem na água por cerca de uma semana. Após este período, transformam-se em mosquitos adultos, prontos para picar as pessoas. O Aedes aegypti procria em velocidade prodigiosa e o mosquito da dengue adulto vive em média 45 dias. Uma vez que o indivíduo é picado, demora no geral de três a 15 dias para a doença se manifestar, sendo mais comum cinco a seis dias.

Aedes aegypti

Acredita-se que o mosquito Aedes aegypti chegou ao Brasil pelos navios negreiros, uma vez que as primeiras aparições do mosquito se deram no continente africano.

Menor do que os mosquitos comuns, é preto com listras brancas no tronco, na cabeça e nas pernas. Suas asas são translúcidas e o ruído que produzem é praticamente inaudível ao ser humano.

O macho, como de qualquer espécie, alimenta-se exclusivamente de frutas. A fêmea, no entanto, necessita de sangue para o amadurecimento dos ovos que são depositados separadamente nas paredes internas dos objetos, próximos a superfícies de água limpa, local que lhes oferece melhores condições de sobrevivência. No momento da postura são brancos, mas logo se tornam negros e brilhantes.

No início do século XX, o médico Oswaldo Cruz implantou um programa de combate ao mosquito, visando reduzir os casos de febre amarela. Essa medida chegou a eliminar a dengue no país durante a década de 1950.

No entanto, a dengue voltou a aparecer no Brasil, na década de 80. Segundo o Ministério da Saúde, a primeira ocorrência do vírus no país, comprovada laboratorialmente, ocorreu entre 1981 e 1982, em Boa Vista, aqui no Paraná.