Falta de chuva traz preocupação a produtores

 

Publicado em: 19/09/2017 16:36

Whatsapp

 

O longo período sem chuvas em todo o Paraná preocupa os produtores de diferentes culturas que preveem prejuízos em suas lavouras. Em Irati não é diferente. A última precipitação foi em 12 e 13 de agosto passado. Neste mês de setembro não ocorreram chuvas.

Segundo o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), na região de Irati, a partir de dados da estação Fernandes Pinheiro, comparativamente, o mesmo período do mês de setembro de 2016 registrou 69,2 mm.

Ainda de acordo com o Simepar, apenas a partir de sábado há previsão de chuva, e mesmo assim, pancadas isoladas, insuficientes para suprir o déficit hídrico.

O secretário municipal de agricultura, Raimundo Gnatkowski (Mundio) explica que “este momento, na saída de inverno, é o período de plantio de cebola, fumo, e outras culturas, através de mudas. Com a estiagem, a muda acaba passando a fase ideal, prejudicando a produção”.

O secretário também comenta que a situação atual acaba onerando nos custos, obrigando o produtor a ter gasto maior.

“Onde vamos, a preocupação com quebras na produção é muito grande, seja fruta, verdura ou fumo. Até o plantio de soja e feijão está atrasando. Mesmo com o emprego da irrigação, a falta umidade do ar continua sendo problema que afeta a qualidade e quantidade da produção”, finaliza Mundio.

Cebola

A cebola é uma das principais hortaliças cultivadas no Paraná, presente em 130 municípios do Estado. A região de Curitiba concentra a maior parte do cultivo, seguida pela região de Irati, com grande expressão.

A região do Pinho é o grande expoente da produção local de cebola e a persistência do tempo seco traz dor-de-cabeça aos produtores, pois a planta tem baixa tolerância à falta de chuva, requerendo um bom suprimento de água durante o ciclo de cultura.

“A situação é complicada”, diz o agricultor João Augustinho Rossa que cultiva o bulbo há mais de 55 anos, seguindo a tradição da família e trabalhando nas lavouras desde pequeno. “A gente percebe que já começa a queimar as pontas, e a estiagem prosseguindo é certeza de redução na produção”, comenta Rossa que atualmente tem 12,5 hectares com a cultura e, em anos anteriores, já chegou a produzir média de 80 toneladas por alqueire.

Olericultura

Marcio Antonio Kavilhuka é produtor de hortaliças há aproximadamente 20 anos. Atualmente alface, brócolis americano e couve-flor são as culturas com mais expressão em sua propriedade, na Serra dos Nogueiras. Perto de dois hectares da área estão destinados à olericultura.

Segundo ele, a última chuva, há cerca de 40 dias, em muito pouco auxiliou o déficit hídrico em Irati. “Inclusive já estamos racionando água na irrigação, molhando só à noite para planta aproveitar mais”, observa o agricultor que se utiliza de um tanque próprio, e já viu o nível cair consideravelmente.

“Também estou diminuindo em torno em 30% o pedido de novas mudas, pois plantar e não ter como colher, é prejuízo certo”, complementa Kavilhuka.

Fumo

O fumo é outra cultura que acaba sofrendo forte impacto com a ausência de chuvas. Márcio Gnatkowski, residente no Camacuã, é fumicultor há 12 anos. Hoje possui 60 mil pés de tabaco, ou cerca de 4,2 hectares da cultura.

Segundo ele, a variedade Virgínia, plantada em toda região, já está sendo comprometida. “Com a seca, já estamos começando a atrasar o plantio. Esse atraso afeta o ciclo da planta e vai diminuir a produção, pois haverá menor volume de folhas”, explica o fumicultor.

Ele também cultiva, em sua propriedade, repolho, brócolis e couve-flor, culturas altamente sensíveis à falta de chuva. “A irrigação aumenta custos, mas em casos assim não há alternativa”, diz Gnatkowski.

Leite

Com relação à bacia leiteira, a estiagem prolongada afeta de forma diferente os produtores e no principal quesito: o bolso.

Antonio Bartiko é produtor de leite há cerca de 20 anos, mora na serra do Rio Corrente, e hoje mantém 25 vacas leiteiras e cuida da criação de 30 novilhas e terneiros. Segundo ele, o pasto com azevém foi bastante prejudicado pela falta de chuva.

“Tivemos 80 milímetros de chuva há mais de trinta dias atrás e, antes disso, se passaram outros 40 dias sem chover. Agora, no fim do ciclo do azevém, não houve rebrota, daí a gente precisa complementar com mais silagem de milho, e isto aumenta em muito os nossos gastos”, desabafa Bartiko.