Cine Clube especial terá lançamento de livro e oficina de edição

 

Publicado em: 08/05/2019 15:13

Whatsapp

 

No dia 18 deste mês, o tradicional Cine Clube do Centro Cultural Clube do Comércio, em Irati, terá edição especial. O evento começará às 15h, com lançamento do livro “Efeitos Visuais de Transição na Montagem Cinematográfica”, do jornalista Vinicius Augusto Carvalho, que também é professor e editor audiovisual.

Na mesma oportunidade, haverá exposição comemorativa dos 20 anos do Vimark Cine, a sala de cinema que permitiu aos apreciadores da sétima arte assistirem aos diversos filmes de sua preferência na telona, entre 1999 e 2005. Constarão da mostra equipamentos, fotos, cartazes e coleção de filmes reunidos pelo casal Casio e Catarina Carvalho, proprietários do cinema, durante o período em que funcionou.

Para os profissionais ou amadores envolvidos na produção de vídeo, também durante o evento, haverá uma oficina de edição, ministrada por Vinicius Carvalho, onde será “desmontada” uma cena do filme “Bohemian Rhapsody”. A produção foi vencedora do Oscar 2019 em quatro categorias: melhor ator, melhor mixagem de som, melhor edição de som e melhor edição. Recebeu também a indicação a melhor filme da competição deste ano.

Fechando a programação, o Cine Clube apresentará o filme “Um Lugar ao Sol”, do ano de 1951, dirigido por George Stevens. O drama foi indicado ao Oscar de melhor filme em 1952, porém ganhou nas categorias melhor realizador, melhor fotografia, melhor guarda-roupa, melhor edição, melhor banda sonora e melhor argumento adaptado. Foi o vencedor de melhor filme – drama, no Globo de Ouro no mesmo ano.

O evento tem entrada franca e é uma iniciativa da família Carvalho, em parceria com a Centenário Sebo e Livraria, Centro Cultural Clube do Comércio, ALACS e Prefeitura. Informações pelos telefones 3907 3158, 3422 7007 e 9 9801 7525.

Profissional tem trajetória na área audiovisual

Vinicius Augusto Carvalho é jornalista, professor e editor audiovisual. Mestre em Gestão da Economia Criativa pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, com especialização em TV Digital, Radiodifusão e Novas Mídias de Comunicação Eletrônica pela Universidade Federal Fluminense. É também coordenador do Portal de Jornalismo da ESPM-Rio, onde leciona edição de vídeo e Tecnologias da Informação e da Comunicação para os cursos de Cinema e Audiovisual, Design e Jornalismo. Foi editor em programas jornalísticos e de entretenimento na TV Globo durante 13 anos e hoje atua como montador audiovisual freelancer.

A relação com cinema começa na década de 90, assistindo a filmes de locadora no então moderno videocassete da família. Na virada do século, os pais realizaram o sonho de construir um cinema na cidade, o Vimark. “Montar um filme em película e projetá-lo para uma plateia não é uma experiência que passaria incólume”, confessa Vinicius, que tem a montagem de um curta-metragem no currículo chamado "Retângulos Brancos".

As inspirações maiores são os pais, também com relação ao universo cinematográfico. “Mas grandes diretores, atores, montadores, compositores, sempre estão influenciando”. Sem querer deixar quem admira de fora de uma eventual lista, Carvalho cita o montador Daniel Rezende (Cidade de Deus, Tropa de Elite, Bingo) com o qual realizou um workshop, e é formado pela Universidade na qual Vinícius leciona.

O livro “Efeitos Visuais de Transição na Montagem Cinematográfica” foi lançado primeiramente no Rio de Janeiro, onde o autor reside, e agora em Irati, dentro do evento do Cine Clube especial. De acordo com Vinícius, “é destinado a todos os apaixonados por cinema, estudantes de audiovisual e em especial àqueles que trabalham na pós-produção audiovisual”.

“Pensar as linguagens e recursos de edição empregados nos produtos audiovisuais, bem como sua evolução, é reconhecer as relações deste campo da comunicação com aspectos sociais, culturais e econômicos”, argumenta. O autor comenta que o objetivo foi investigar o uso de efeitos visuais de transição nos 84 filmes vencedores do Oscar de Melhor Montagem até 2018, incluindo a entrada da tecnologia digital.

O autor fala também sobre o momento atual do cinema comercial e sobre o futuro das salas de exibição, em uma entrevista que pode ser conferida na íntegra no portal oficial de Irati.

Para o público que aspira inserção na produção de filmes, Vinícius tem “a dizer, como professor do curso de Audiovisual e Cinema da ESPM-Rio, que é uma carreira promissora. Não há empresa, instituição privada ou pública, que não esteja investindo em audiovisual. Há dez, quinze anos, todos queriam um site, agora, todos querem produção audiovisual. Pode ser para o cinema, televisão aberta ou fechada, streaming, Youtube, ou redes sociais. Pode ser longa, média ou curta-metragem, pode ser publicitário, jornalístico, educativo, instrucional, de entretenimento, brand content, ou material de divulgação. O tamanho e o tipo de produto audiovisual que for, vai precisar de gente capaz para realizar. Pessoas tecnológicas, criativas e antenadas”.

Entrevista completa com Vinicius Augusto Carvalho

SECOM – Qual a sua relação com o cinema e o universo cinematográfico. Quais seriam seus ícones e fontes inspiradoras?

 

Vinícius - A minha relação com cinema começa em meados da década de 90 quando meu pai, Cássio, trouxe para casa um videocassete Semp-Toshiba de quatro cabeças. No mesmo dia fomos à única videolocadora (não lembro o nome) de Irati, na Munhoz da Rocha.

Meu pai alugou o filme " As Quatro Estações", e eu, como um garoto criado, até então, tendo a TV Globo como única forma de entretenimento audiovisual, pedi ao meu pai que alugasse o filme Robocop.

Anos passaram e as idas e vindas às locadoras da cidade se mantiveram como uma tradição, principalmente nos fins de semana. Basicamente cresci assistindo filmes hollywoodianos, mesmo porque eram os de maior oferta.

Na virada do século, meus pais realizaram o sonho de construir um cinema na cidade, aí você pode imaginar né? Montar um filme em película e projetá-lo para uma plateia, não é uma experiência que passaria incólume.

Não cursei cinema na faculdade, mas não me distanciei muito, fiz jornalismo. Como jornalista vim trabalhar na TV Globo do Rio de Janeiro. O cinema sempre comigo, mas ainda eu era mero espectador até que há alguns anos passei a lecionar em uma Universidade que oferece além de Jornalismo, o curso de Cinema e Audiovisual. Concomitante a isso fiz o mestrado em Economia Criativa, e como este é um setor novo, pertencente principalmente aos grandes centros, agarrei uma chance de falar de cinema e unir os meus prazeres: cinema e edição. Tenho a montagem de um curta-metragem no currículo chamado de "Retângulos Brancos" e leciono no curso de Cinema da ESPM-Rio.

Minhas inspirações maiores são meus pais, também com relação ao universo cinematográfico. O momento de ver um filme em família, muitas vezes, substituía saídas e eventos que aconteciam na formosa Irati. E acho que, hoje em dia, o fato de você ser apaixonado por algo deve fazer você reverenciar os motivos impulsionadores disso.

Falando de inspirações no mundo fílmico, é claro que grandes diretores, atores, montadores, compositores, sempre estão indo e vindo e nos influenciando. Seria injusto começar a citar aqui porque acabaria deixando gente que admiro muito de fora, mas pra falar de algum, menciono o montador Daniel Rezende (Cidade de Deus, Tropa de Elite, Bingo) com o qual eu tive o prazer de realizar um workshop. Ele é um diretor brasileiro que começou a carreira como montador, e é formado pela Universidade na qual leciono. Admiro bastante o trabalho dele.

 

 

SECOM – Por que escrever um livro que fala sobre efeitos visuais de transição na montagem? A quem ele se dirige? Pode resumir um ou dois aspectos que aborda? Haverá lançamento em centros maiores?

Vinicius - Vou começar a responder pelo final. O livro foi lançado no Rio de Janeiro, e acho que não teremos mais lançamentos por conta da logística que não está fácil, vide este evento em Irati que levamos dois meses para acertar uma data.

Ele é destinado a todos os apaixonados por cinema, estudantes de audiovisual e em especial àqueles que trabalham na pós-produção audiovisual.

A vontade de escrever um livro sobre este assunto veio da inquietação de viver a questão de aplicabilidade dos efeitos na prática. Todos os dias, quando editava algum produto na Globo, eu me questionava sobre as peculiaridades e características de cada um daqueles efeitos disponíveis no software de edição e me perguntava: haveria o efeito ideal para a minha intenção? Será que no cinema isso acontecia de outra maneira? Como será que foi a evolução disso através dos tempos e das tecnologias?

Este livro é resultado de uma pesquisa sobre tecnologia e montagem audiovisual. Pensar as linguagens e recursos de edição empregados nos produtos audiovisuais, bem como sua evolução, é reconhecer as relações deste campo da Comunicação com aspectos sociais, culturais e econômicos.

 Com foco no cinema comercial internacional, o objetivo foi investigar o uso de efeitos visuais de transição nos 84 filmes vencedores do Oscar de Melhor Montagem até 2018. O levantamento permitiu a observação de possíveis impactos da introdução de softwares de edição digital na pós-produção cinematográfica. Na montagem de um filme, a inserção ou a ausência de efeitos visuais como fusões, fades e wipes, não se resume a técnicas da edição de imagens. Este processo complexo integra a concepção da obra, exige criatividade e conhecimento estético – o uso de efeitos de transição entre imagens tem o potencial de imprimir ritmo, rupturas ou continuidades de tempo e espaço.

“Efeitos Visuais de Transição na Montagem Cinematográfica” descreve conceitos fundamentais da pontuação imagética e sua aplicação no cinema, a partir de clássicos da literatura, dados de mercado e dos filmes premiados com o Oscar de Melhor Montagem. A obra apresenta um registro minucioso do uso de efeitos visuais de transição nas últimas décadas, período atravessado pela entrada da tecnologia digital e dos softwares de edição não linear na pós-produção cinematográfica.

O livro trata de história e tecnologia atreladas à edição, detalha os efeitos visuais de transição mais usados no cinema comercial e propõe reflexões acerca do uso das pontuações visíveis em obras audiovisuais. O aporte teórico e prático da pesquisa é útil para iniciantes e iniciados na arte de construir sequências.

SECOM – Como você avalia o atual cenário mundial da sétima arte?

Vinicius - Esta pergunta surge em uma semana na qual as salas de cinema estão dominadas pelo filme da Marvel. “Os Vingadores – Ultimato” é sucesso absoluto de bilheteria.

Não estou entrando nas questões ideológicas e políticas sobre o fato de o filme estadunidense ter abocanhado 80% das salas nacionais. Meu ponto é o potencial dos brasileiros de ir ao cinema. Some a isso o fato de a produção de filmes nacionais estar surfando numa curva ascendente dentro de um gráfico de lançamentos nacionais nos últimos dez anos. Entretanto, temos um cenário político instável.

Minha opinião é que estamos atravessando uma turbulência, mas que a curva de produção e oportunidades na área audiovisual se mantém ascendente, principalmente com a solidificação das plataformas que oferecem conteúdo via streaming, como Netflix por exemplo.

SECOM – Salas de cinema irão acabar com a evolução da tecnologia e novos equipamentos e recursos de mídia nos lares?

Vinicius - Há um livro: "O fim do Cinema? uma mídia em crise da era digital" dos autores André Gaudreault e Philippe Marion, que me ajuda muito em responder esta pergunta. Frente à onda digital que tomou conta dos meios de comunicação, seria plausível pensar que o cinema estaria morrendo, mas ele continua por aí, por toda parte, inclusive com os cinemas de rua (que quase desapareceram) voltando ao cenário nacional, aos poucos, ainda pontualmente, mas voltando.

O cinema muda de suporte e se reinventa em novas telas e dimensões, 3D, 4D. No livro que citei, os autores questionam as mudanças de identidade que o cinema passa hoje e propõem chaves para entender o impacto do digital sobre o universo atual dos meios de comunicação. Nós estamos assistindo a um novo nascimento do cinema? Eu acredito que o sucesso de bilheteria que a Marvel está alcançando nesta semana e que será o maior de todos os tempos, não tenho dúvidas, é prova de que as salas de cinema não vão acabar.

As pessoas vão querer sempre ter a melhor tecnologia de mídia em suas casas, mas a experiência do cinema é insubstituível. E na velocidade que a comunicação se encontra, o "saber" antes tem sido elemento importante para as pessoas. O "spoiler" ganha status de impulsionador de "idas ao cinema". Mais uma vez, estamos vivendo transformações e indefinições, mas eu não acredito na morte (que já foi anunciada algumas vezes) das salas de cinema.

SECOM – O que teria a dizer ao público jovem que aspira inserção na produção de filmes ou mesmo vídeos de curta duração?

Vinicius - Tenho a dizer, como professor do curso de Audiovisual e Cinema da ESPM-Rio, que é uma carreira promissora. Não há empresa, instituição privada ou pública, que não esteja investindo em Audiovisual. Há dez, quinze anos, todos queriam um site, agora, todos querem produção audiovisual. Pode ser para o cinema, televisão aberta ou fechada, streaming, Youtube, ou redes sociais. Pode ser longa, média ou curta-metragem, pode ser publicitário, jornalístico, educativo, instrucional, de entretenimento, brand content, ou material de divulgação.

O tamanho e o tipo de produto audiovisual que for, vai precisar de gente capaz para realizar. Pessoas tecnológicas, criativas e antenadas.

Relato do Dr. Cássio Carvalho

O Dr. Cássio Carvalho, um fã abnegado da sétima arte, também encaminhou um relato, segundo ele “muito prazeroso de escrever”, sobre o Vimark Cine, o cinema que ele e a esposa, Catarina, montaram em Irati. Gentilmente respondeu a perguntas enviadas, algumas as mesmas das respondidas pelo filho, Vinicius.

Também enviou outras observações sobre como começou o seu interesse pela telona, impressões sobre o momento atual da cinematografia e algumas curiosidades.

SECOM - De onde vem sua paixão pelo cinema? Lembra quando apareceram os primeiros interesses?

Dr. Cássio - Ir ao cinema, nos anos 60 e 70, era programa quase obrigatório para um adolescente, que morava numa cidade interiorana do Paraná (Prudentópolis). Nestas cidades ainda existia, efervescente, uma sala de cinema, onde tudo de social acontecia. A magia das estórias cinematográficas, com muita ação e emoção, facilmente captava o lúdico destas plateias em formação. Lá estava eu me apaixonando pelo cinema.

Colaborando ainda mais para aprofundar esta paixão, o primo Beto, que residia em Curitiba e lá trabalhava como projecionista em salas comerciais, nas frequentes visitas aos parentes do interior, trazia consigo a sua paixão: projetar filmes. Munido de um projetor 16mm, e trazendo o que ele chamava de “fitas”, que eram os filmes, fazia sessões em casa para toda parentada. Observar o seu desempenho no preparo e exibição das “fitas” e poder conferir de perto a engenhoca que, de suas entranhas mecânicas, fazia jorrar imagens, sons e emoções, por certo aprofundou meu gostar demais, por tudo que envolve o que chamamos cinema.

SECOM – Qual ou quais os gêneros que lhe despertam maior interesse? Ídolos? Cineastas?

Dr. Cássio - Sem dúvida, no começo do curtir cinema, os filmes de ação, a exemplo dos faroestes, eram os preferidos, e nos anos 60/70, os bangue-bangues italianos, com tiros abundantes que ricocheteavam para todo lado, acompanhados de uma trilha sonora inovadora e marcante, facilmente captavam o interesse principal.

Com o amadurecimento e refinando o apreciar cinema, o interesse começa a se abrir tal qual um leque em tudo o que os filmes abordam. Não sou daqueles que idolatram tal ou qual diretor, acho que em todo conjunto de obras, tem as obras primas, e uma boa dose de, digamos, primas muito, muito afastadas.

Aprecio muito Woody Allen, principalmente pelo seu humor histérico e também por ser um trabalhador ferrenho da sétima arte. Não é fácil igualar a quantidade e muito da qualidade realizada por este diretor.

SECOM – Como avalia o atual cenário mundial da sétima arte?

Dr. Cássio - O cinema como arte e indústria, nunca esteve tão ativo como atualmente. A produção e o consumo são enormes, seja de hegemônicos de Hollywood, quanto de cinematografia regionalizada.

A tecnologia digital e os milagres da computação propiciam aos criadores, oportunidades enormes de produção. A exibição é democratizada por um sem número possibilidades (salas, TV, DVD, computadores, celulares, etc.) de curtir cinema, o que leva a indagar se as salas ainda existirão no futuro ou irão para o baú de memórias.

SECOM – Salas de cinema irão acabar com a evolução da tecnologia e novos equipamentos e recursos de mídia nos lares?

Dr. Cássio - Os números são diametralmente opostos a ideia de que a sala de cinema, deixe de existir.

No Brasil na década de 60, tínhamos mais de quatro mil salas de cinema. Houve uma derrocada terrível nas décadas de 80/90, quando fecharam, em Prudentópolis o Cine São Luiz, e em Irati o Cine Theatro Central, e junto com estes, milhares de salas país afora.

No começo do milênio, o Brasil tinha pouco mais de mil salas, entre estas o Vimark Cine. Desde então, com a dobradinha shopping-centers e cinema, o panorama da exibição em salas só fez crescer, chegando hoje a quase quatro mil salas no País. Isso ocorre também mundo afora, vendo por exemplo, Índia e China, onde a quantidade de salas só cresce.

É claro que houveram mudanças substanciais na construção das salas, no equipamento de projeção, e no público frequentador. Mesmo com as mudanças, o público, a renda e as salas continuam a crescer.

A experiência da sala escura, a companhia de uma plateia, a tela grandona, a imaginação sem limite dos cineastas, não deixará nunca de maravilhar e emocionar o pobre mortal que é exposto à tal “maravilha da sétima arte”.

SECOM – Poderia fazer um resumo do que foi o investimento pessoal e financeiro em um cinema no interior?

Dr. Cássio - Para quem curte cinema, o filme Titanic, foi um marco na história desta centenária labuta de fazer cinema. Este estrondoso sucesso de público mundo afora, mexeu com o casal Cássio e Catarina (apaixonados por cinema), a ponto de vislumbrar um projeto visando inaugurar uma sala de cinema na comunidade em que vivem.

E agora José, começar por onde! Realmente, foi um investimento pessoal muito grande, pelo tempo e pela busca de conhecimentos num ramo alheio ao cotidiano (medicina e farmácia).

Mas como em todo sonho tenazmente perseguido, os caminhos vão aparecendo, os obstáculos vão sendo superados, e a realização mostra que é possível.

O Vimark Cine, sob administração Cássio/Catarina, durou seis anos, encantou muita gente, trouxe um prazer enorme aos realizadores. O investimento financeiro, se não obteve o retorno esperado, também não faliu ninguém.

A desilusão mesmo aconteceu pela forma de distribuição dos filmes (ainda em rolos), gerenciada pelas grandes empresas (Warner, Columbia, United, Paramount, etc.) que priorizavam, com muita razão, as praças mais rentáveis, e aquelas de pouco público ficavam na espera por uma cópia do “blockbluster”. Quando este, aqui, finalmente chegava, o quarteirão já estava esvaziado e não arrasava era nada.

Mas isto era pelo descompasso da tecnologia (filmes em rolos, custando 1.000 dólares a cópia), e a mídia que propagava o filme lançamento da semana de uma maneira muito abrangente e com enorme penetração em todos os veículos de comunicação.

O filme em cartaz nas salas do interior não era nunca o filme falado na mídia naquela semana. Hoje a tecnologia digital corrigiu este infame interstício para os exibidores. Um arquivo digital com o filme é enviado para todo mundo ao mesmo tempo, e o filme em cartaz em qualquer sala digital condiz com o filme falado na mídia da semana.

O Vimark Cine trilhou o fim de uma era tecnológica, e com 10 anos de antecedência ao ideal da distribuição cinematográfica.