Paixão e lazer: A história da casa colorida do Bairro Fósforo

 

Publicado em: 26/09/2014 00:00

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Enfeitar a casa, encontrar enfeites que combinem com seu estilo de vida e mobiliar a residência é comum em toda a população brasileira, mas Zonaide Maria Riba Ingles faz muito além disso. A benzedeira de 83 anos, coleciona santos, bonecos, materiais recicláveis, além de fazer colagens no teto, e pinturas em toda sua casa. Apesar de a primeira vista parecer que ela junta cacarecos, dona Neide, faz arte mesmo sem saber. Os seus mais de 30.000 objetos fazem parte da denominação Kitsch que é uma forma "popular" de arte. ?? ter um objeto, que agrada, por sua aparência, forma, cor, não se importando com a conotação acadêmica de arte. Formada em História da Arte pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Adriana Mosele já visitou a casa de dona Neide e explica um pouco do senso de arte exposto na residência. Mesmo nunca estudando nenhum tipo de arte, ou filosofia da arte ou alguma coisa do ramo, ela tem um senso estético extraordinário, o que ela faz se enquadra no que denominamos Kitsch. O senso estético dela é apuradíssimo, pode notar que, apesar do monte de cacarecos ela tem um critério para dispor os objetos, explica Adriana. A paixão de Zonaide pela arte começou há mais de 30 anos, quando passava por um momento difícil em sua vida e resolveu comprar uns enfeites para sua casa. Na verdade eu nem lembro direito quando eu comecei, foi há uns 30 anos, quando comecei a comprar uns enfeitezinhos e fui gostando e comecei a enfeitar a minha casa, e desde então não parei mais, conta Zonaide. A casa com dois quartos, sala e cozinha, fica localizada na esquina da Rua João Zarpellon, com a Rua Argentina e chama a atenção de todos que passam em frente ao local, sua residência com inúmeras formas e cores é atração, sendo praticamente um ponto turístico do Bairro Fósforo. As crianças ficam encantadas, pois além de duendes, santos e bonecos, dona Neide coleciona super-heróis e personagens de desenhos, como por exemplo, o Shrek, Pica-Pau, ou até um Power Ranger. No meio de tantos objetos, seria normal não lembrar de um simples chaveiro, mas não para Zonaide, cada peça é colocada no local e se sair dali, ela fica procurando até achar. Esses dias me levaram um chaveiro e eu senti falta, sei de cada enfeitezinho que eu coloco ali. Eu fico pensando para colocar cada peça certa como eu quero, para combinar todas as peças bem do meu jeito, conta Dona Neide. Além de pensar e, colocar cada detalhe do enfeite, ela ainda personaliza, pintando e deixando adequado à sua maneira. A professora e sua filha, Maria Amelia Ingles, comenta um pouco sobre a paixão de sua mãe. E não é só o enfeite por enfeite, ela pinta, compra e transforma, ela vai pintando e modificando e deixando do jeito que ela quer, tudo pintado colorido e ela que faz as cores da tinta do seu jeito. E tudo isso, começou quando ela estava com depressão para passar o tempo, hoje ela não consegue ficar sem, conta Maria Amelia. Vida solitária por opção Zonaide Maria Riba é benzedeira, viúva e tem dois filhos, o radialista José Amilton Ferreira Ingles, e a professora Maria Amelia Ingles. Apesar de sua residência ser pequena e antiga, dona Neide, não quer dividir moradia com seus filhos, pois ela acredita que morando acompanhada não poderá colocar seus enfeites aonde ela quer, perdendo sua alegria de mandar em sua casa. Além disso, em pleno século XXI ela dispensa qualquer tipo de telefone, e para encontrá-la, os filhos, pacientes, parentes e amigos devem apenas bater em frente a sua residência. Deus me livre, eu morro se desmanchar minha casa, quero ficar aqui, morar na minha casa porque eu mando, se eu colocar ali ta ali, conclui Neide. Augusto Travensolli Jornalista Secom Prefeitura de Irati