RESUMO: A mescla das diferentes culturas torna a cidade de Irati uma das mais interessantes do Sul do País. Surpreende por sua condição privilegiada, com densas florestas de araucária, clima temperado, rios caudalosos, cultura rica e diversificada e paisagens únicas. Irati está a cerca de 156 km de Curitiba, na região turística Terra dos Pinheirais - Centro-Sul do Paraná. A população é formada por diferentes etnias, especialmente poloneses e ucranianos que buscam manter costumes e tradições de seus ascendentes, o que torna a cidade bastante agradável. A população estimada, segundo o IBGE, é de 60.357 habitantes. O município teve origem na Vila de Covalzinho, quando os trilhos da estrada de ferro São Paulo/Rio Grande do Sul passaram pelo local. Foi ali instalada a estação ferroviária que recebeu o nome de Iraty. O nome Covalzinho foi lentamente esquecido, ficando a vila conhecida apenas pelo nome da estação ferroviária. Irati vem do indígena tupi, e significa Rio de Mel. As terras onde se localiza pertenciam aos índios. O mel, daquela época até hoje, tem profunda força local histórica e cultural, além de significativa produção. (Disponível em https://www.viajeparana.com/Irati)
O nome IRATI foi escolhido, por volta de 1829 e 1830, por PACÍFICO DE SOUZA BORGES e CIPRIANO FRANCISCO FERRAZ que eram vizinhos e habitavam a região onde se situa hoje a cidade de Teixeira Soares. Ambos recém-casados eram de muita coragem, segundo declarou Bonifácio Francisco Ferraz, 93 anos, filho de Cipriano de quem ouvia esta história: Há mais de cem anos, Pacífico e Cipriano avistaram as serras destas bandas. Subiam em árvores para ver alguma coisa.
Um dia resolveram embrenhar-se no sertão, seguindo de canoa pelo leito do rio IMBITUVA GRANDE, depois através do IMBITUVA PEQUENO, na direção desejada alcançaram o rio Assunguizinho. Abandonaram o rio, entrando pelo mato, foram sair num lugar onde acharam uma abelheira com três bocas, uma num tronco e duas no chão. Batizaram o lugar com o nome das abelhas: IRATI.
Encontravam-se no local hoje chamado VILA SÃO JOÃO. Tudo era sertão. Não havia nenhum morador. Comiam carne de tateto. Derrubaram uma árvore e fizeram uma gamelinha para salgar o alimento. Desceram um pouco e encontraram uma lagoa, crismando de LAGOA o lugar. Continuaram caminhando e acharam um arroio, que chamaram de CAMACUÃ. Havia muito papuanzal. Cipriano quis dizer papuã, enrolou a língua e disse Camacuã. No Camacuã mataram um tigre, com certeza uma jaguatirica.
Prosseguindo encontraram um campo muito largo e bonito onde havia um rio. Denominaram RIO BONITO o lugar. Havia muita anta, como gado pastando. E o rio foi chamado RIO DAS ANTAS.Desceram pela margem do rio, na encosta da serra para
encontrar o IMBITUVA GRANDE, retornando para casa. Na aventura levaram quinze dias. O nome IRATI tem origem no vocábulo Tupi (ira = mel e ty = rio, portanto rio ou região de mel). (ORREDA, José Maria, 1988)
O marco zero da história de IRATI está plantado no começo do ano da graça de 1898, quando o eminente historiógrafo paranaense, Dr. Ermeliano Agostinho de Leão, demorou no Covalzinho, de regresso de uma viagem que empreendera a Guarapuavinha; contava, então, o povoado com pouquíssimas e toscas moradias, que permaneciam, por assim dizer, escondidas no recesso da mata virgem. Não se vislumbrava sequer, através de uma picada, o plano de abertura da sua primeira rua: os pinheiros, as imbuias, as canelas e os cedros, rompendo o emaranhado dos cipós, das trepadeiras e dos taquarais, dominavam o cenário, como gigantes e senhores da região desconhecida.
Além dos ranchos dos operários da estrada de ferro que se avizinhava do local, existia uma pequena casa de negócio do Senhor Francisco de Paula Pires, o pioneiro do lugarejo e mais as moradas de Pacífico de Souza Borges, caboclo velho, com traços veementes indígenas, da etnia Guarani, José Monteiro, João Tomaz Ribas, José Pacheco Pinheiro e Lino Mariano Esculápio, todas situadas à margem direita do Rio das Antas, nas cercanias onde hoje encontra-se o Colégio São Pedro Canísio. Também o rancho de José Monteiro, que alcançou rara longevidade, donde foi nos legado essa interessante e instrutiva lição: Tendo alguém lhe perguntado, certa vez, como venceram, ele e sua mulher, os embates da vida, tornando-se quase centenários, respondeu prontamente: – “Chegamos até a idade em que estamos hoje, tomando chimarrão… A erva-mate é o remédio dos pobres; cura tudo e dá mocidade ao vivente… Aqui em nossa casa, a cuia de chimarrão não esfria, por isso eu e minha velha estamos assim… querendo viver por muito mais tempo…”
O Covalzinho não era, então, nem mesmo quarteirão policial, estando sujeito às ordens do Irati Velho, hoje Vila São João, distante três quilômetros ao sul, e mais desenvolvido em população, por situar-se em terras planas e secas; permanecia, assim, como um retalho verde do município de Santo Antônio do Imbituva, distendido entre o arroio dos Cochinhos e os contrafortes da Serra da Esperança.
Com a chegada dos trilhos da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande, e a inauguração da estação IRATY, em dezembro de 1899, iniciou-se o fluxo de habitantes, tanto das redondezas, como de outras paragens, principalmente de Campo Largo da Piedade, que enviou numerosas famílias para a nossa vila. Formada a “Colmeia”, iniciou-se, desde logo, o laborioso trabalho para o seu rápido crescimento. Abriram-se diversas casas comerciais, sendo as primeiras as de Manoel Grácia, Braz Canderari, Firmino José da Rocha, Benedito de Morais, Francisco Ribeiro de Macedo, Luiz Miguel Shleder, David Justus Sobrinho, Manoel de Vasconcelos Souza e Júlio Vieira Lisboa; Estabeleceu-se, na mesma época, como comerciante, em Irati Velho, o Senhor José Joaquim de Andrade, vindo da Bateias, município de Campo Largo.
A fertilidade da terra, a abundância das madeiras e o mistério das causas veladas, atraiam incessantemente bandeirantes e agricultores, ávidos por criar um recanto próprio, onde o seu labor tivesse a recompensa imediata.
O Iraty havia nascido, e até o nome que lhe deram, lembra ainda a sua origem: Ira – MEL, ty – RIO; IRATY – RIO DE MEL, no idioma Tupi-Guarani. E a Colmeia do Rio das
Antas fabricou, deste a sua mais tenra infância, o mais saboroso MEL do progresso e da felicidade.
A nova vila tornou-se, como era de se esperar, o centro comercial da região, recebendo, em cargueiros, único meio de transporte daquele tempo, os produtos agrícolas, a erva-mate, o charque, o toucinho e a farinha de milho, de Guarapuava, Bom Retiro, São Miguel, Assungui e Patos Velhos. As primeiras ruas foram destocadas, para o desenvolvimento da Vila, formando com isso, uma vasta clareira, no sentido da colina, que tinha como eixo a Rua Velha, hoje Rua 15 de Julho. Em 1903 foi inaugurada a Capela de Nossa Senhora da Luz, no local onde hoje se encontra a Praça da Bandeira; e os homens simples e lutadores do vale do Rio das Antas, iam ali, fazer as suas preces, e cumprir os seus deveres espirituais.
Elevado a distrito Judiciário em 21 de janeiro de 1904, Iraty já irradiava a sua pujança, como forte núcleo eleitoral, vindo a se tornar elemento decisivo nas atividades políticas de Imbituva, elegendo, nesta ocasião, dois Camaristas, nas pessoas do Cel. Emílio Batista Gomes e do Cel. Francisco de Paula Pires.
O desenvolvimento se operava com tanta rapidez, em todos os setores de atividades, que as viagens para Imbituva, para pagamento de impostos, retirada de documentos e atos judiciais e jurídicos, por trilhas Íngremes e impraticáveis, se transformaram em sacrifícios contínuos, que o povo do Iraty já não suportava mais.
Sentindo o latejar da seiva municipalista, completada nos bancos escolares pela inspiração da primeira professora, D. Rosalina Cordeiro de Araújo, o radiante futuro se mostrava, vislumbrando, em todas as direções, as luzes que iluminavam os prósperos caminhos, o povo, resoluto e entusiasta, despiu-se de suas vestes rudimentares e se atirou à campanha da sua autonomia política-financeira.
Francisco de Paula Pires e Emílio Batista Gomes, sob inspiração de Manoel Grácia, iniciaram ardorosamente os trabalhos que visavam à emancipação, para, em seguida, rompendo com os chefes políticos do Imbituva, revogarem seus mandatos como Camarista do Município Mãe.
Após dado esse importante passo, dirigiram-se à Capital do Estado, Curitiba, onde após luta renhida, conseguiram, durante o intervalo político, ocasionado pela morte do Dr. Vicente Machado, então Presidente do Estado do Paraná, o apoio decisivo do vice-presidente, Dr. João Cândido Ferreira, apoio esse necessário que culminou com a edição da Lei n. 716 que criou o nosso município de Irati, assim como o proveu dos Distritos Judiciários de Fernandes Pinheiro, Bom Retiro e Rio Azul.
Em 15 de julho de 1907, o município foi solenemente instalado, com muita festa, ocasião em que a alegria popular se manifestou com grande intensidade.
Consciente de sua grande responsabilidade, assumida na constelação dos municípios do Paraná, e como parte integrante da Comarca de Ponta Grossa, exigiu que Iraty ampliasse seus horizontes, conseguindo instalar os núcleos coloniais de Gonçalves Júnior e Itapará, com cerca de mil famílias procedentes da Alemanha, da Holanda, da Polônia e da Ucrânia. Vinha, assim, o Governo Federal trazer o seu efetivo auxílio, à nova terra que, desde a infância, já se tornava uma potencial realidade paranaense. Alojaram-se, na mesma época, no topo da Serra dos Nogueiras, aproximadamente trezentas famílias de diversas nacionalidades que, vindas de Campo Largo e Araucária, formaram, desde logo, uma forte e produtiva comunidade agrícola.
A criação do Judiciário, em 16 de março de 1913, veio facilitar a vida e o desenvolvimento da população do novo município, de vez que os atos judiciais passaram a ter seu curso normal, dentro das próprias fronteiras municipais, norteados pelo Dr. Antonio Fernandes Oliveira, primeiro Juiz Municipal. As edificações tiveram ritmo crescente com a facilidade do pinho serrado na primeira indústria local, a Serraria da Empresa Manoel Grácia & Cia. Que, logo a seguir, forneceu, também, a luz elétrica para a Vila. As lavouras se ampliaram, dia após dia, alastrando-se a colonização para as zonas de Guamirim, Rio Preto, Barra do Gavião, Cadeadinho e Antônios.
Na Lagoa e Riozinho, estabeleceram-se núcleos industriais madeireiros, sob as seguras diretrizes dos senhores Caetano Zarpellon, Miguel Chechene e João Batista Anciutti, que contribuíram eficazmente para alicerçar o progresso e tornando-o decisivo ao progresso da região.
A 24 de maio de 1927 instalou-se a Comarca de Irati, pelo magistrado Dr. Eduardo Xavier da Veiga, que aqui permaneceu até fins de 1934; com esse ato que repercutiu por todos os recantos regionais, Iraty se firmou como centro agrícola de primeira grandeza, deixando transparecer o seu potencial nos setores da indústria e do comércio, criando uma
mentalidade cultural divulgada pelas colunas do Jornal “O SUL”, primeiro semanário dedicado aos interesses do município, que foi dirigido por Luiz Rezintal.
Iniciou-se, nesta mesma época, o ramal ferroviário de Guarapuava, que, partindo de Engenheiro Gutierrez, até a raiz da Serra da Esperança, a porção mais fertil do município, aumentando-lhe as possibilidades de produção e crescimento.
A revolução de 1930 veio encontrar Irati em plena ascensão econômica, e constituiu pelos motivos que a originou, um marco divisório entre o passado e o presente. De 1908 a 03 de outubro de 1930, governaram, sucessivamente, o município, os senhores: Antonio Teixeira Sabóia, de 1908 a 1910; Senhor. Manoel Grácia, de 1911 a 1912; Francisco de Paula Pires, de 1912 a 1916; João Braga dos Santos Ribas, de 1916 a 1920; Paulo dos Santos Xisto, de 1929 a 1924; Zeferino Salles Bittencourt, de 1924 a 1928 e José Durski Junior de 1928 a 1930.
Com a implantação do Estado Novo, chefiado pelo Presidente Getúlio Vargas, assumiu o Governo do Estado, um dos maiores administradores que nós paranaenses já tivemos até os dias de hoje. O dinâmico e inesquecível Manoel Ribas que, através dos bons prefeitos nomeados, deu ao município de Irati todas as condições para que se transformasse num verdadeiro potencial de realizações, labor e riquezas; e o povo iratiense, ainda o reverencia na Praça da Bandeira, o busto clarividente, donde brotaram tantos benefícios para a nossa querida Irati. Desfiando o longo rosário de obras úteis oferecidas à nossa comunidade, naquele período, vamos encontrar a inauguração do prédio em alvenaria da Estação Ferroviária, em 10 de janeiro de 1937, o Telégrafo Nacional, em 10 de junho do mesmo ano, a Rede de Telefonia, em 20 de dezembro de 1938, e ainda, neste mesmo ano de 38, a inauguração dos primeiros quarenta quilômetros da ferrovia, Engenheiro Gutierrez – Guarapuava; Em 7 e 8 de outubro de 1939, o povo assistia, festivamente, a abertura de dois edifícios que pela grandiosidade dos seus fins, estão até hoje dignificando os nomes daqueles que os idealizaram e os construíram, – O Grupo Escolar Duque de Caxias e o já extinto Hospital de Caridade de São Vicente de Paulo.
Na gestão municipal do prefeito Manoel Alves do Amaral, concretizou-se, a 23 de março de 1941, conforme atesta a placa, ainda existente, no prédio onde à época funcionou a Farmácia Pessoa, esquina da Rua Munhoz da Rocha com 15 de Julho, a referência sobre as obras da pavimentação, com paralelepípedos, da Rua Munhoz da Rocha. Logo a seguir, em 19 de abril, daquele mesmo ano, iniciou-se o serviço de água e esgoto de Iraty.
Outras obras acontecidas, também, na gestão de Manoel Ribas, à frente do Governo do Paraná, foram: O Parque Regional de Exposições de Animais e Produtos Derivados, localizado no Iraty Velho, hoje Colégio Florestal. Esta conquista iratiense repercutiu em todo o Estado, motivando o Governo de Manoel Ribas a acelerar a povoação dos campos do oeste, proporcionando, assim, o desenvolvimento da pecuária e a agricultura regional em bases seguras e lucrativas.
Dentre todas as obras de Manoel Ribas, nenhuma, talvez, se compara com a da abertura das estrada entre Irati e Palmeira: Homem de atitudes desassombradas, Manoel Ribas, resolveu ligar o esquecido sul do Paraná, com sua capital Curitiba, pedindo, em uma memorável reunião ocorrida no Cine Theatro Central, que o povo de Irati se mobilizasse, em peso, em seu apoio e, o povo atendendo à tão nobre conclamação, fundou, em quarenta e oito horas, a Cia. Paranaense de Obras e Melhoramentos, que tomou como responsabilidade própria construir a rodovia Irati-Palmeira, recebendo, para isso, apenas a metade do valor das obras entregues ao Governo do Estado. Este episódio se constituiria no principal fator de Irati se tornar, desde então, num dos principais entroncamentos rodoviários do sul do Paraná. Este importante empreendimento, atravessou a gestão de Manoel Ribas, Moysés Lupion e Bento Munhoz da Rocha, e fora concluído em 29 de novembro de 1956.
É necessário que o nosso Irati de presente, volte seu olhar para o passado, lembrando sempre de todos os denodados iratienses que nos legaram esta aprazível e acolhedora Irati dos dias de hoje. É importante, ainda, que o nosso Irati do presente, sinta bem dentro do peito as palpitações desta nova era e se apropriem da história dos antigos desbravadores, que nos legaram através de muita luta, suor e sangue, o estandarte da vitória. (ARAÚJO, José Maria da Graça, 2017).
POPULAÇÃO
O município de Irati está localizado na região Sudeste do estado do Paraná, a 153 km de Curitiba. Paralelo 25º 27' 56" de latitude Sul com intersecção com o meridiano 50º 37' 51" de longitude Oeste. Situa-se na zona fisiográfica de Irati, uma das onze em que o Paraná se divide. Na sub-região dos Pinhais do Segundo Planalto Paranaense.
O município ainda está localizado sobre a bacia sedimentar do Paraná, tendo emprestado o seu nome a uma de suas formações geológicas, a Formação Irati, de idade Permiano Superior. A Formação Irati, composta por siltitos, argilitos e folhelhos sílticos de cor cinza clara a escura, folhelhos pirobetuminosos, localmente em alternância rítmica com calcários creme silicificados e restritos níveis conglomeráticos, foi depositada no que era na época, entre 250 e 270 milhões de anos, um golfo do antigo supercontinente Gondwana aberto para sudoeste para o então Oceano Panthalassa.
Em 1908 o geólogo Israel Charles White, chefe da Comissão de Estudos das Minas de Carvão de Pedra do Brasil, encontrou restos fósseis de um pequeno réptil em rochas permianas no, por ele denominado, "Schisto preto de Iraty", próximo à estação ferroviária de Irati. Estes fósseis foram descritos e catalogados por Mac Gregor, que os denominou de Mesosaurus brasiliensis e, reconhecendo sua semelhança com um fóssil encontrado na África do Sul, propôs a equivalência geológica da Formação Irati com a Formação Whitehill, da Bacia do Karoo, naquele país. Esta descoberta tornou a Formação Irati e a Bacia do Paraná mundialmente famosas, por ser uma das fortes evidências da então nascente teoria da deriva continental
A topografia do município é ondulada e acidentada. Possui solos acinzentados/vermelhos ao Norte e castanhos ao Sul. Os tipos predominantes de solo são os solos podzólico vermelho amarelo, terras brunas, cambissolo e litólico.
Possui a Serra da Esperança, onde se localiza o Cerro da Nhá Cota, com 1.024 m de altitude, e o Morro da Ordenança, com 950 m.
Irati está inserida também na bacia hidrográfica do Rio Paraná, sendo que a rede de drenagem que banha o município divide-se em duas vergências. Para sudoeste, fazendo parte da bacia do Rio Iguaçu existem os rios Preto, Riozinho, Mato Queimado, Imbituvinha, Taquari, Guamirim, Corrente, Campinas, Cachoeira e Caçador, que terminam por desaguar no Rio Potinga, afluente da margem direita do Iguaçu. Com vergência para o norte e fazendo parte da bacia do Rio Ivaí, existem os rios Valeiros, Linha B, Guabiroba, dos Patos, dos Cochos, dos Antônios, do Couro, Canhadão, das Antas, da Prata, do Cobre, da Areia, Caratuva, Bonito e Barreiro.
Entre os cursos d'água, destacam-se o rio dos Patos, Caratuva, das Antas, Preto e Riozinho.
O ecossistema que compõe a região é a Floresta Ombrófila Mista, ou seja, que necessita nas fases iniciais de crescimento, de umidade e sombra.
A composição vegetal do município divide-se nos estágios:
As principais espécies nativas são:
Recente estudo apresentado no Centenário de Irati por Daniel Saueressig, pesquisador da área de Dendrologia, apontou a presença de 174 espécies arbóreas autóctones
em Irati. As famílias Myrtaceae (30 espécies), Fabaceae (17), Lauraceae (15), Euphorbiaceae (10), Solanaceae (9), Asteraceae e Salicaceae (8), Aquifoliaceae e Sapindaceae (5) e Meliaceae (4), apresentaram uma maior riqueza florística e juntas representam 63,79% das espécies registradas. Segundo o mesmo autor, as espécies Calyptranthes grandifolia, Neomitranthes gemballae e Tetrorchidium rubrivenium apresentam baixa frequência e podem ser consideradas espécies raras na área do município.
Desde a chegada da estrada de ferro, na década de 1890, e dos primeiros imigrantes pouco tempo depois, o desenvolvimento econômico e o cultural de Irati andam lado a lado. Hoje, com quase 62 mil habitantes, a cidade é polo regional, possui instituições de ensino renomadas e boas perspectivas para o futuro
Com uma população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em quase 62 mil habitantes, no dia 15 de julho, Irati comemora seu aniversário de emancipação política. O município é referência entre as dez cidades que compreendem a Associação dos Municípios Centro do Sul do Paraná (AMCESPAR) e está em pleno crescimento, além de ser sede física desta Associação.
No período da fundação, Irati tinha sua economia baseada quase exclusivamente no setor primário, sobretudo na agricultura. Atualmente, conta com indústrias, serviços, comércio e tecnologia. O desenvolvimento começou com a chegada da estrada de ferro na última década de 1800, quando Irati, então Covalzinho, pertencia à Imbituva. Foi com a estrada de ferro também que personagens políticos ilustres como Getúlio Vargas vieram a Irati.
A cidade teve um papel importante no acolhimento a imigrantes europeus, principalmente holandeses, ucranianos, alemães, italianos e poloneses, depois de 1900. Mais tarde, o cinema chegou à cidade vindo de moto em uma época onde Irati tinha muito mais carroças do que veículos automotores circulando pelas ruas. O cinema ficou no mesmo lugar
por mais de 60 anos, muitos deles sob o comando de João Wasilewski, polonês que era fascinado pela sétima arte.
O desenvolvimento de Irati não parou mais. Recentemente, o Corpo de Bombeiros do município virou referência macrorregional ao ser elevado para 10º Subgrupamento Independente, o que vai trazer benefícios não somente para Irati, mas também para toda região. Em infraestrutura, destaca-se a revitalização da Rua Munhoz da Rocha e da área central da cidade, que promete trazer benefícios aos lojistas e à economia como um todo.
A história de Irati começa muito antes da fundação da vila de Covalzinho, por volta de 1865. José Maria Orreda conta em seu livro Irati, que a região onde se localiza Irati pertencia aos índios Caingangues, ramo dos tupis, que originou o nome Ira (mel); e ty (rio), ou seja, rio de mel. Vestígios dos povos indígenas, como pedaços de artefatos de barro e ferramentas de caça foram encontrados onde hoje é o Itapará, também na Serra dos Nogueiras, Rio do Couro, Gonçalves Junior e no Rio Bonito. Existiu ainda uma tribo denominada Coroados, onde hoje é a localidade de Rio Água Quente, no Guamirim.
Após a metade da primeira década de 1900, o governo federal estava incentivando a vinda de imigrantes para o Brasil, especialmente para o interior do Paraná. Manoel Grácia passou a intermediar o fornecimento de mantimentos e materiais para a construção de casas aos estrangeiros que chegavam em Irati, especificamente em Gonçalves Junior, que surgiu em 1908. Onde hoje é o campo de futebol da colônia, ficava o armazém que recebia as famílias holandesas. Araújo comenta que as primeiras famílias foram colocadas para trabalhar na agricultura e muitos não se adaptaram. Por volta de 1911, três delas foram embora para a região de Castro e fundaram o município de Carambeí.
Em sua pesquisa para um novo livro que vai contar a história das localidades do interior de Irati, o engenheiro civil e escritor, Dagoberto Waydzik descobriu que eram muitas as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes que vinham em busca de trabalho. “Cada família holandesa recebeu do governo brasileiro dez alqueires de terra, sementes e algumas ferramentas. O combinado era pagar o governo em uma década. No início, as famílias até receberam alimentos, mas depois precisaram viver da subsistência. Os colonos vieram pobres e não tinham condições de realizar investimentos. Encontraram diversas dificuldades, pois tiveram que derrubar a mata para poder plantar. Após a limpeza da terra, queimavam, e após a queimada, plantaram milho, feijão e batata”, descreve Waydzik em um trecho do seu livro ainda não lançado.
Uma das atividades do coronel Emílio Baptista Gomes e de Manoel Grácia foi uma serraria, sendo a primeira de Irati, localizada atrás de onde hoje é o Clube Polonês. Foi ali também que por volta de 1908 se produziu a primeira iluminação em uma pequena região da cidade. No Rio das Antas, existia um canal em direção aos trilhos que foi construído para se colocar uma roda d’água para gerar eletricidade. Arcelio Batista Teixeira foi quem assumiu como lançador da iluminação elétrica de Irati, vindo posteriormente a construir a Casa da Cultura. Outra pessoa que se destaca na história de Irati, segundo Araújo, veio inicialmente para trabalhar na serraria: José Smolka. Posteriormente ele criou a escola Wolnosc para a instrução de poloneses que estavam trabalhando na região. “Com o advento da guerra, eles foram proibidos de usar o nome e ficou conhecido como Polonês, onde hoje é a Sociedade Beneficente Cultural Iratiense”, explica Araújo.
O pesquisador comenta que com o desenvolvimento da cidade e com o passar dos anos, o primeiro projeto do que viria a ser o cinema começou a surgir por volta de 1920. Um homem que possuía um projetor e uma moto passava de cidade em cidade para exibir os filmes e, como não existia energia elétrica, a moto servia também como um gerador para que o filme pudesse ser rodado. “O cinema de Irati é talvez um dos mais velhos do Brasil de sala fixa. Era chamado de cinema itinerante. Um homem tinha uma máquina e uma moto e vinha de cidade em cidade. Ele tinha um cavalete, erguia a parte de trás da moto, ligava a uma correia que era ligada a um gerador, que gerava eletricidade para passar o filme, pois na época não tinha energia elétrica”, detalha.
Araújo destaca que um dos principais problemas deste tipo de tecnologia da época era o improviso quando algo dava errado. “Uma coisa curiosa do cinema é que o som era passado separado em outro aparelho de som. Como arrebentavam muito os filmes, eles tinham que parar e cortar um pedacinho e colar, e eliminava uma parte da imagem. Então algumas vezes o mocinho caía e depois saía o som do tiro.”
Empolgado com a magia do cinema, o polonês João Wasilewski, então proprietário da Padaria Wasilewski (onde atualmente é a Panificadora Irati), fundou o Cine Theatro Central em 28 de agosto de 1920. Esse cinema funcionou ao longo de 62 anos. O pai de José Maria Gracia Araújo, Dario Araújo, popularmente conhecido como Primo Araújo, atuou no local como artista criando os cartazes dos filmes. “Meu pai pintava os cartazes do cinema. Ele era coletor federal, mas nas horas vagas era artista. Vinham as fotos, ele pegava e ampliava, fazendo colorido. Como o seu João queria pagar e meu pai não queria, ele recebia 10 pães por dia e duas entradas para o cinema. Como a minha madrasta não ia, eu assistia todas as sessões, a semana inteira”, recorda Araújo.
Desta fase em diante, a agricultura, que era predominante em Irati, começou a dividir espaço para outras atividades industriais e comerciais. “Me lembro da chegada do maquinário da Fábrica de Fósforos em Irati. Foi uma procissão. Eram máquinas já de segunda mão, mas ainda não tinha um prédio, então foi armazenado tudo próximo ao Cemitério [Municipal] e virou um lugar de visitação que todo mundo queria ver. Levou uns dois ou três anos para as máquinas saírem dali. Talvez tenha sido uma das primeiras indústrias que marcaram uma mudança acentuada em relação à agricultura que tínhamos aqui”, aponta o pesquisador.
Covalzinho, nome que foi aos poucos sendo esquecido após a chegada da estrada de ferro e da estação Iraty, surgiu devido a alguns tropeiros que utilizavam a região como rota de passagem. “Irati foi um caminho alternativo aos tropeiros. Normalmente as tropas vinham de Guarapuava para Ponta Grossa, mas como por lá tinham muitos postos para pagamento de impostos, eles desviavam por aqui para economizar. Como Irati era visto como um buraquinho e se plantava muita couve por aqui, eles diziam ‘vamos lá no covalzinho’ e foi assim que surgiu o nome”, explica o pesquisador José Maria Grácia Araújo.
Atualmente com uma população estimada em quase 62 mil habitantes, Irati é o mais populoso entre os dez municípios da AMCESPAR e tem sua economia baseada em diversos setores produtivos. De acordo com dados do IBGE, a cidade tem quase 2 mil empresas de diversas áreas. Em 2020, Irati estava na 34º posição no estado, com 1.973 empresas e organizações atuantes instaladas, com pouco mais de 14 mil pessoas do quadro de pessoal ocupado assalariado (23%), e média de 2,1 salários por trabalhador formal.
Outra parte importante da história do desenvolvimento econômico e cultural de Irati foi escrita a partir da educação, sobretudo com a participação da Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro). Gratuita, ela possibilitou o acesso à cultura para muitas pessoas de toda a região. Antes de sua criação, há mais de 30 anos, quem desejasse ter uma formação
acadêmica precisavam se deslocar à Ponta Grossa ou Curitiba, explica diretor do Setor de Ciências Sociais Aplicadas da Unicentro, e doutor em Políticas Públicas e História da Educação, Edélcio José Stroparo. “Antes da criação da Unicentro, tanto em Irati como em Guarapuava, havia a necessidade de importação de mão de obra qualificada para as profissões que exigiam maior qualificação (medicina, direito, agronomia, veterinária, farmácia). Moradores deslocavam-se em busca de qualificação em outros municípios, como Ponta Grossa ou Curitiba”, relembra.
Edélcio explica que com profissionais se formando em Irati, muitos continuaram atuando na cidade, o que auxiliou no desenvolvimento do município. “A criação da Unicentro propiciou a formação local desses profissionais, e isso tem a ver com o desenvolvimento das regiões, à medida que se teve a formação dos mesmos, houve uma facilitação de implantação dessas áreas. Houve também uma demanda de outros municípios, estados e país. Vieram buscar a formação e por aqui permaneceram”, avalia o diretor da universidade.
Ele aponta que a Unicentro foi importante para o surgimento de novos centros educacionais que complementam as opções de cursos para a região. E isso impacta diretamente no desenvolvimento econômico e cultural. “Com a chegada da Unicentro em Irati, na medida em que a profissionalização ocorreu, atraiu para a cidade outras instituições de ensino superior, passou a abrir espaços e caminhos para a existência de projetos alternativos, atuando em áreas que a Unicentro não atua. Isso é importante, pois auxilia no projeto de formação, já que a expansão do ensino superior público e gratuito está paralisada há muitos anos. Além disso, tem polos EAD atuando no município. O conjunto disso tem trazido benefícios, gerando a ‘Cidade de Irati Universitária’, alavancando na formação cultural e profissional do município e mudando o perfil da população”, acrescenta.
O professor comenta que a Unicentro surgiu no ano de 1990. Antes disso, existia em Irati uma faculdade municipal chamada Faculdade de Educação Ciências e Letras de Irati, que era um movimento conjunto com a Faculdade de Filosofia e Letras de Guarapuava. Com a modificação da Constituição Estadual, em 1989, fez-se necessário a criação de uma universidade estadual. “Vale ressaltar o Movimento Comunitário, bastante importante, que mobilizou a comunidade acadêmica da FECLE e FAFIG, e as comunidades das duas cidades, Irati, Guarapuava e seu entorno. Havia a percepção de que a região precisava de uma universidade estadual, pública e de qualidade, que fosse criada dando seguimentos aos objetivos estabelecidos pelo Plano Estadual de Educação de 1964, que previa um conjunto de instituições de ensino superior interiorizadas. Porém, o objetivo foi extrapolado e as universidades e faculdades estaduais passaram a atuar de forma contundente no próprio desenvolvimento do estado, com a profissionalização de pessoas em diversas áreas isso constituiu no mais importante pilar de desenvolvimento econômico do estado numa trajetória que nasceu em 64 e se estende até os dias de hoje”, descreve Edélcio.
Assim como outras cidades, Irati também enfrentou crises ao longo de sua história e aprendeu a superá-las. Para o professor doutor em Políticas Públicas e História da Educação, Edélcio José Stroparo, o futuro de Irati é promissor com a formação de alunos em diversas áreas, principalmente as voltadas à tecnologia, o que abre novos caminhos econômicos além dos tradicionais.
“A perspectiva para os próximos anos é animadora. Irati se descola dos municípios que atuam regionalmente apenas no setor primário da economia e passa a atuar em outros setores mais especializados, vivendo uma verdadeira revolução. Irati se prepara para ingressar na era tecnológica e de informação. A Unicentro está caminhando, de forma acelerada, para esse patamar”, defende. Neste contexto, ele acredita que há a exigência de processos dinâmicos envolvendo a sociedade e muitos investimentos. “A reunião de investimentos públicos e privados nas universidades públicas, como Unicentro, IFPR e das instituições de natureza privada (sejam presenciais ou a distância) está constituindo a massa crítica e trazendo essa qualificação para impulsionar o município de Irati para ingressar definitivamente na era da tecnologia e poder aproveitar de todas as mudanças, principalmente agora pós pandemia”, finaliza Edélcio. (Disponível em: https://hojecentrosul.com.br/desenvolvimento-economico-e-cultural-de-irati-misturam-se-des de-antes-da-emancipacao-politica-do-municipio)
Colina Nossa Senhora das Graças - Maior Imagem do Mundo Parque Aquático e de Exposições Santa Terezinha
Cachoeira do Pinho de Baixo Cachoeira do Itapará
Parque da Vila São João
Casa da Cultura - Fundação Edgard & Egas Andrade Gomes
A imagem de Nossa Senhora das Graças é uma das maiores construída no mundo, com 22 metros de altura. A construção do monumento começou em 1957, em comemoração ao aniversário de 50 anos da cidade. Na capela, em dias festivos e especiais do calendário católico, são celebradas missas e novenas. O local possui estacionamento, capela, loja de souvenir e um mirante com vista da cidade e do pôr do sol.
O Parque Aquático de Irati foi inaugurado em 1989, em uma área aproximada de 79.000m². Tem lago com peixes e patos, Pavilhão de Exposições usado para atividades culturais da cidade, quadras desportivas, pista de cooper/ciclismo, trenzinho, academia ao ar livre e playground para crianças.
A Casa da Cultura é mantida pela prefeitura de Irati. Era a antiga residência da família Gomes, construída em meados de 1919 e doada ao município em 2004. A Casa da Cultura promove exposições itinerantes e fixas. Na parte inferior funciona o Museu Municipal de Irati com grande acervo de objetos, fotos, indumentárias e documentos que retratam a história da cidade.
Localizada na comunidade do Pinho de Baixo, a 12 km do centro da cidade. É uma cachoeira artificial, com aproximadamente 16 metros de altura e área para banho. Foi construída pela Copel para gerar energia à Irati.
A 24 km do centro da cidade, na comunidade do Itapará, a cachoeira, banhada pelo Rio dos Patos, possui aproximadamente 10 metros de altura.
Construído pela comunidade rural do Pinho de Baixo, o museu mostra a história de imigrantes italianos com fotos das famílias locais, móveis típicos, roupas, acessórios e peças marcantes da época. O Pinho de Baixo reúne descendentes italianos e até hoje a fala, o canto, a dança e muitas das tradições são preservadas.
RODEIO CRIOULO DE INTEGRAÇÃO
O Rodeio Crioulo de Integração reúne mais de 50 mil pessoas nos três dias de realização. É um dos maiores rodeios crioulos do Paraná. O evento apresenta duas áreas de competições: a parte campeira, que atrai mais de 150 entidades tradicionalistas do Sul do Brasil, e tem principalmente prova de laço, classificada como uma das melhores do País. Outra modalidade disputada é a artística, onde participam mais de 30 entidades tradicionalistas, com equipes de vários estados.
A festa, que acontece entre novembro e dezembro, tem a participação de aproximadamente 15 produtores de pêssego, que comercializam cerca de 12 toneladas do produto nos três dias do evento. Nesta festa se evidenciam beleza, diversidade e riqueza do artesanato, folclore, e tradições mantidas ao longo das gerações. Em festa paralela, tem o Borrego no Rolete, prato típico de Irati.
A ExpoIrati tem seu breve histórico iniciado em 2022, contando com a participação de mais de 80 mil pessoas no Centro de Tradições (CT) Willy Laars nos quatro dias de realização, consagrando-se como o maior evento do município em termos de público. A festa conta com
atrações diversas: shows com cantores de renome nacional, exposições de maquinários agrícolas, animais, caminhões, veículos, praça de alimentação, artesanato, além da venda de produtos típicos de Irati e região, dentre muitos outros. A Lei n° 4999/2022 inclui a ExpoIrati no Calendário Oficial de Festividades do município. A Exposição tem como objetivo reunir gama variada e representativa dos aspectos relacionados a agropecuária, indústria, gastronomia e comércio, como também a realização de simpósios agrícolas e culturais