Publicado em: 30/07/2012 00:00
Já tiveram início as obras de readequação do Bosque São Francisco de Assis, localizado em área central da cidade de Irati. Estão previstos pista de caminhada em paver, projeto de urbanização com ajardinamento e mobiliário urbano, rampa de acesso a cadeirantes e pessoas portadoras de necessidades especiais, iluminação, sinalização e limpeza.
Os recursos que serão aplicados no local são de R$ 260.714,30, provenientes de emenda orçamentária encaminhada ao Governo Federal, envolvendo ainda contrapartida do município. O secretário municipal de Arquitetura, Engenharia e Urbanismo, Diórgenes Ditrich, explica que as obras pretendem compor uma moldura em torno do bosque, evitando invadir o espaço central, e transformando este entorno em uma área para contemplação do verde e da natureza. O secretário acrescenta ainda que haverá um mini botânico a céu aberto com flores.
A previsão de conclusão de todas as etapas de readequação do Bosque São Francisco é para o próximo mês de novembro, segundo cronograma da secretaria. A área total do novo espaço de lazer resgatado em Irati é de aproximadamente 13.000 metros quadrados.
Comissão e comunidade iniciam trabalho
O trabalho de adequação do Bosque São Francisco teve início com a participação da comunidade e de uma comissão especialmente criada para cuidar da manutenção do espaço daqui para frente.
Esta comissão, criada pela lei municipal nº. 3551, do dia quatro de julho último, também irá acompanhar a manutenção de outra área de lazer próxima, a Praça Etelvina Andrade Gomes. A primeira interferência desta comissão no Bosque São Francisco, foi a remoção de algumas árvores da espécie Hovenia dulcis, popularmente conhecida como Uva Japão.
A intervenção, feita com licença do Instituto Ambiental do Paraná, era necessária, explica Ditrich, pois a espécie, originária da Coréia, China e Japão, praticamente tomou conta do bosque. Por ser uma árvore que frutifica em abundância, é amplamente utilizada na recuperação de áreas degradadas, com o objetivo de atrair a fauna (aves e mamíferos). No entanto têm se revelado uma espécie perigosamente invasora, que reduz a diversidade das matas nativas e se multiplica rapidamente com a ajuda dos animais.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Luiz Carlos de Ramos, explica que em ato ecológico, no Dia da Árvore, comemorado no próximo dia 21 de setembro, serão plantadas espécies nativas nos locais das árvores sacrificadas.
Bosque ganhará entorno no padrão de outras praças
Todo o entorno do Bosque São Francisco ganhará benfeitorias nos padrões das que foram levadas a outras praças e logradouros de Irati. O estímulo às atividades físicas, como ocorre nos demais espaços de lazer, será oferecido com a instalação de 1.387 metros quadrados de pista de caminhada, em paver com piso tátil. Haverá necessidade de regularização do leito do solo, cortes, aterros e confecção de sarjetas.
Ao lado da pista, haverá o plantio de grama e arbustos ornamentais. Estão previstos ainda 20 bancos e 12 lixeiras distribuídos ao redor do bosque, bem como a instalação de 44 postes ornamentais, no estilo republicano, com lâmpadas de 250 watts, vapor de sódio.
Bosque São Francisco de Assis (Texto Herculano Batista Neto)
O Bosque denominado São Francisco, homenagem a São Francisco de Assis, padroeiro da ecologia, é hoje um logradouro público.
No início de 1982, a Câmara Municipal de Irati atendeu pedido do frei capuchinho, Jaime Manfrin, para que o bosque, vizinho à matriz Nossa Senhora da Luz, recebesse esta denominação.
O projeto tinha sido apresentado em 04 de março de 1982 pelos vereadores Antonio Toti Colaço Vaz e Alceu Machado de Miranda, em lei sancionada pelo prefeito Olavo Anselmo Santini.
O local ganhou a denominação oficial de Bosque São Francisco de Assis em 06/04/1982, sob lei nº. 545. Alguns anos depois constatou-se que só esta lei não trazia garantias de que a área pudesse ser preservada. Em audiência com o então prefeito Alfredo van der Neut, alguns membros do Grupo de Jovens Vagalumes e do ITCF (hoje IAP Instituto Ambiental do Paraná), formalizou-se o pedido para que a área fosse preservada através de lei. O pedido foi acatado e a lei nº. 034/1990 foi sancionada pelo prefeito Alfredo van der Neut. Um bom número de lotes foram legalizados na sua gestão.
A lei declarou imunes de corte todas as árvores nativas circunscritas àquela área, ou seja, tornando-a Área de Preservação Permanente. Ainda outra lei de nº. 35/1996 autorizou o poder executivo para a desapropriação amigável ou judicial para os lotes de terrenos ainda pendentes. Lei sancionada pelo prefeito Felipe Lucas em 13/05/1996.
Alguns outros terrenos foram sendo legalizados pelas administrações subsequentes. Coube na gestão do atual prefeito, Sérgio Stoklos, terminar o ciclo das legalizações. Hoje, o espaço do bosque é área pública pertencente ao município.
Por ser uma área de preservação (além das árvores nativas, um pequeno córrego serpenteia a quadra de cima abaixo com vários desníveis, propiciando pequenas cachoeiras), há sempre de se pensar em uma utilização racional, com a clareza de ali ser um abrigo de espécies vegetais e animais.
Já, antes mesmo de serem todos os terrenos legalizados, houveram pedidos para que alguma benfeitoria fosse ali executada. Na própria gestão do prefeito Alfredo, foram abertos alguns caminhos, feitas algumas pontes-pênseis e uma pequena estátua de São Francisco foi ali introduzida, doação da família Ancheski. O tempo passou, e um mal denominado Depredação Pública deixou seus rastros. Hoje poucos vestígios destas melhorias são encontrados.
Em 2006 houve pedido feito ao Deputado Federal Eduardo Sciarra solicitando verba com a finalidade de novo projeto de embelezamernto. Isto só veio a concretizar-se em 2009/2010. Uma emenda contempla a execução de melhoria, baseado em projeto apresentado pela Prefeitura. Também caberá à mesma a contrapartida financeira e a execução.
Desde lá até os dias atuais, fechou-se o ciclo das legalizações e do projeto. Parte do mesmo está na remoção de árvores consideradas exóticas (não nativas da região) e invasoras. Isto já está sendo feito com o auxílio voluntário da empresa do Sr. Germano Strassman.
Um plano de manejo, que levará espécies nativas que não tem representantes no bosque fará parte do próximo passo. Na sequência, o embelezamento do entorno, com passeio, áreas de contemplação e iluminação darão um aspecto mais bonito ao bosque, que carece sim da atenção e cuidados de todos, visto que, sendo pública e com projeto de melhoria, será sem dúvida uma área mais aprazível, podendo ser um ponto turístico da cidade.
?? sabido que por muitos anos muitos tiveram o local como um depositário de lixo. Isto ocorre ainda hoje. São frequentes os indícios de lixo novo e, muitas vezes, descaradamente flagrados.
Atualmente está em processo de formalização uma Comissão de Conservação do Bosque São Francisco. A comissão provisória tem como presidente o Sr. Herculano Batista Neto. Fazem parte dela, cidadãos das circunvizinhanças, pessoas ligadas a órgãos públicos relacionados ao meio ambiente e da prefeitura municipal, além de amantes da natureza e que querem o bem público.
Sabedores que nosso município praticamente não possui Áreas de Preservação de Meio Ambiente, é muito importante que haja a conscientização para projetos que privilegiem este aspecto. Todos somos responsáveis. O Bosque São Francisco quer ser uma pequena amostra de que isso é possível. Vamos ajudar a conservá-lo?