Publicado em: 15/01/2013 00:00
Fruta direto do pé
Colheita de uva termina em poucos dias. Até então, pode-se adquirir uva direto dos pomares nas propriedades rurais de Irati
O cheiro da fruta é sentido de longe, afinal, é janeiro, é safra de uva. De longe os pomares podem ser avistados. Mais do que isso, em Irati, eles podem também ser degustados. A produção de uva no município permite que os compradores de uva adquiram o produto diretamente do pomar, como acontece na propriedade de Pedro e Luci Parteka, em Faxinal dos Ferreiras, interior do município.
Direto na propriedade do casal, o quilo da uva Bordô é comercializado a R$ 1,50 e a uva Niágara Branca a R$ 2,00. Eles também vendem o produto em mercados de Irati e Inácio Martins e lamentam não terem condições de vender a outros locais. Precisava ter a venda para fora e câmara fria na comunidade para facilitar, dizem. A colheita deve terminar até o final de semana, pois quase todos os frutos já estão maduros.
RENTABILIDADE
De acordo com o engenheiro agrônomo da secretaria de Agricultura de Irati, Antonio Sidnei Martins, o cultivo da uva neste ano totaliza 12 hectares. A previsão de safra é de 128 toneladas. Conforme Martins, a rentabilidade é boa, especialmente depois que o fruticultor transforma o produto em vinho. A comercialização dos vinhos artesanais só pode ser realizada na propriedade, pois a falta de registro inviabiliza o comércio externo.
A região de Irati, destaca Martins, é boa para o cultivo das variedades de uvas americanas, que se adaptam melhor ao clima úmido. As variedades de uvas viníferas, como Cabernet Sauvignon e Merlot, exigem produtores com mais capacidade de investimento e técnicas de cultivo mais especializadas, avalia o engenheiro.
Fruticultura é alternativa de renda
Pedro Parteka e a esposa, Luci, já trabalharam com outras culturas, mas optaram pela fruticultura em 2002, que tem se mostrado como boa alternativa de renda. Eu não mudo mais. Quer coisa melhor do que andar na sombra? Meu destino é aqui embaixo, diz o produtor, bem humorado, enquanto caminha pelo parreiral.
Há seis anos, dizem eles, não plantam sequer um pé de feijão. Lamentam a falta de estrutura para comercializar seus produtos para outros municípios e visam investimento maior em outras culturas. Se tivéssemos mais pêssego, venderia tudo, porque tem mercado, conta o fruticultor.
Entre as dificuldades, está a falta de uma câmara fria, pois a do município fica distante da propriedade, dificultando o transporte até a câmara e depois ao local de comércio. Pedro sugere que uma câmara seja instalada na comunidade para utilização dos fruticultores locais.
O secretário de agricultura, Cláudio Ramos, destaca que a fruticultura não recebeu incentivo nos últimos anos, mas pretende retomar projetos e iniciar novos. O nosso programa de governo prevê a Rota do Vinho. Vamos visitar municípios que já têm este tipo de iniciativa e ver o que deu certo para trazer para cá. Para isso, estamos nos inteirando do que acontece no campo, visitando as propriedades e conversando com os produtores, observa o secretário.
Texto e fotos: Carolina Filipaki Assessoria de Comunicação da prefeitura de Irati
BOX:
Ministério regulamenta produção de vinho colonial
A produção e a classificação dos vinhos fabricados por produtores rurais familiares está em processo de regulamentação pelo Governo, o que permitirá que os pequenos produtores de vinho coloquem no rótulo de suas bebidas a denominação Vinho Colonial. Isso não é permitido pela atual legislação. A medida visa eliminar a informalidade, atualmente de alto índice, entre os agricultores familiares, além de uniformizar os procedimentos para garantir a comercialização do produto.
Portaria publicada no Diário Oficial da União pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) submete a consulta pública o projeto de Instrução Normativa que estabelecerá os novos requisitos para o registro de estabelecimentos familiares rurais para a produção de vinho. O prazo da consulta é de 60 dias, a contar de 20 de novembro de 2012, data da publicação, a 19 de janeiro de 2013. No dia 4 de dezembro, na Embrapa de Bento Gonçalves/RS, técnicos do Mapa participam de uma audiência pública com os pequenos vitivinicultores o restante da cadeia para detalhar o projeto de IN proposto.
Com a ação, o Ministério agiliza o processo de regulamentação, uma vez que a produção e a venda desses produtos já ocorrem. O que faremos é dar reconhecimento ao produtor, ou seja, traremos a legalidade para os estabelecimentos que hoje estão informais. O resultado é um produto mais competitivo para a comercialização, observando as condições de higiene e sanitárias e, com isso, a segurança alimentar no processamento de alimentos e bebidas, destacou o ministro Mendes Ribeiro Filho.
Regras específicas
Mas para que isso seja possível, os pequenos terão de seguir algumas exigências, como a que estipula que o Vinho Colonial seja elaborado com no mínimo 70% de uva produzida na propriedade rural da família de origem, numa quantidade de até 20 mil litros ao ano pelo produtor. A comercialização do produto também deverá obedecer a regras específicas, como por exemplo, a que não permite a venda para estabelecimentos comerciais, ou seja, a comercialização do Vinho Colonial será realizada diretamente ao consumidor final.
Caberá ao Ministério, a fiscalização e o controle do Vinho Colonial, desde a elaboração, passando pelo envase até a comercialização do produto, além da autorização e do registro do estabelecimento rural familiar para produção. A nova legislação contemplará ainda os agricultores que produzem vinho colonial (até 1 mil litros/ano) para consumo próprio, uma vez que eles ficarão desobrigados das exigências da nova IN a ser publicada em 2013. Com a nova IN, o produtor poderá registrar e definir o estabelecimento como produtor rural, explicou o chefe da Divisão de Vinhos e Derivados do Ministério da Agricultura, Carlos Teixeira.
Fonte: Ministério da Agricultura