Casa da Cultura abre a exposição "Obras Primas: em memória de Primo Araújo"

Mostra terá início no próximo dia 02

Na próxima segunda-feira (02), terá início a exposição "Obras Primas", que presta homenagem ao artista Dario Araújo (in memoriam), que é mais conhecido pelo nome artístico de Primo Araújo. Alguns dos principais trabalhos de Primo - reconhecido como um dos mais importantes nomes da pintura e das artes plásticas da história de Irati - ficarão expostos até o dia 05 de maio na Casa da Cultura - Fundação Edgard & Egas Andrade Gomes. 

Além de trazer, como o próprio nome sugere, verdadeiras obras primas, compostas nas diferentes formas de expressão utilizadas por Primo Araújo para a composição de seu trabalho único e diferenciado, a mostra vai contar ainda com uma "cereja do bolo": a presença de José Maria Gracia Araújo, conhecido como Zéca Araújo, que é filho caçula do artista homenageado. Zéca estará disponível para receber visitas agendadas, e contar sobre a história de Primo sob o ponto de vista de quem teve a verdadeira experiência de conviver com o artista em seu âmbito familiar.

A Casa da Cultura estará aberta para visitação desta exposição de segunda a sexta, pela manhã das 09h às 11h30, e de tarde das 14h às 16h30. Informações e contato: pelo telefone (42) 3132 6197, que dispõe tanto de telefonia fixa, quanto de WhatsApp Business; ou pelo e-mail [email protected].

SOBRE O ARTISTA

Nascido em Piraí do Sul, no dia 25 de novembro de 1902, é filho de ferroviários: Raymundo Araújo Silva, que em 1899 inaugurou a Estação Ferroviária Iraty; e Anália Veiga Araújo, que era telegrafista da ferrovia. Entre ​​​​​​​1902 e 1910, em sua infância, Dario morou e estudou em Joinville, Santa Catarina. Em 1915, a família de Raymundo transferiu-se para Curitiba. O jovem Dario frequentou o curso de alfaiataria que, na época, era ministrado pela Escola de Artífices do Paraná, que depois se tornou o CEFET, hoje Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Durante o curso, o diretor da escola era Pamphilo d’Assunção, que era também diretor do Teatro São Valdomiro, hoje Teatro Guaíra. Influenciado pela ótima qualidade dos desenhos de moldes de roupas executados por seu aluno, Dr. Pamphilo o levava ao Teatro para que pintasse aqueles que foram os primeiros cenários daquela casa teatral.

Em 1919, com dezessete anos, já residindo em Ponta Grossa, em uma viagem que fez para Irati, Dario conheceu Iratyla Grácia, filha de Manoel Grácia, que era Coronel da Guarda Nacional e foi um dos pioneiros do nosso município. Dario apaixonou-se perdidamente pela jovem Iratyla e, logo ao voltar para Ponta Grossa, às escondidas, arrumou seus pertences e foi em busca de seu grande amor. Dario era um jovem franzino, ligeiro e bom de bola. Não teve nenhuma dificuldade para se entrosar no meio social e esportivo de sua nova cidade. Passou a treinar junto aos atletas iratienses no recém-criado Iraty Sport Club. Dentre eles, seu primo, Lotário Veiga. Certa feita, em seus primeiros dias na cidade, perguntaram a Lotário: “quem é aquele rapaz magrelo que ninguém conhece?”, e ele respondeu: “É o primo Araújo”! O apelido pegou e marcou para sempre a vida de Dario.

Por volta de 1922, Irati foi uma das primeiras cidades brasileiras (e a segunda do Paraná) a construir uma sala fixa de cinema, instalada à Rua Quinze de Novembro. Atendendo ao convite de João Wasilewski, proprietário do cinema, Primo Araújo passou a pintar os cartazes com as propagandas dos filmes que seriam exibidos.

Casou-se em 1927 com Iratyla, com quem teve cinco filhos. Em 1929, conseguiu um grande avanço profissional, quando foi nomeado Coletor Federal, pelo então Interventor Federal do Paraná, Manoel Ribas. Em 1933, foi diplomado Engenheiro Municipal, pelas Escolas Internacionales de Buenos Aires, o que lhe credenciou a executar plantas e projetos arquitetônicos para a Prefeitura Municipal de Irati.

Em 1958, o filho mais novo de Dario, José Maria Gracia Araújo, tomou contato, pela primeira vez, com um novo material recém-chegado ao Brasil: o isopor. Apresentou-o a seu pai, que na tentativa de inventar uma forma que facilitasse o seu corte, acabou tomando gosto pelo trabalho com o novo material, que passou a ser uma nova fonte de inspiração para suas já inovadoras formas de arte. Surgiu para o Brasil uma nova e inédita arte que atingiu, de imediato, grande sucesso.

Em 1989, finalmente, Primo Araújo, foi reconhecido como cidadão de destaque no estado do Paraná e no Brasil, sendo homenageado como Bicho do Paraná, pelo Banco Bamerindus. Em 1991, o município de Irati lhe prestou merecida homenagem, diplomando-o com o título de Cidadão Honorário. É Patrono da Cadeira nº 14 da Academia de Letras, Artes e Ciências do Centro-Sul do Paraná (ALACS), instituição que forneceu as informações que compõem este breve histórico.