Aconteceu neste sábado (22), em Irati, a Caminhada do Meio-Dia, em memória das vítimas de feminicídio. O movimento levou às ruas do centro da cidade pessoas que se manifestaram pelo fim à violência contra a mulher. A iniciativa é da Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa (Semipi), e contou com apoio da Prefeitura de Irati, através da Secretaria de Assistência Social. O evento faz parte da programação da Campanha Paraná Unido no Combate ao Feminicídio.
A vice-prefeita, Ieda Waydzik, que esteve à frente da ação em Irati, destaca que hoje foi o dia de lembrarmos das vítimas do feminicídio, mas também de luta contra qualquer tipo de violência contra a mulher. “O horário da caminhada foi simbólico, ao meio-dia. Se pararmos para pensar, o que essas mulheres poderiam estar fazendo nesse momento, se não tivessem suas vidas tiradas. Deixo essa reflexão a toda nossa sociedade”.
A secretária municipal de Assistência Social, Sybil Dietrich, disse que a luta é para mudar a realidade. “Hoje, vejo que não estamos sozinhas e podemos ter uma cidade mais justa, que acolhe e respeita as mulheres. Vemos a conscientização como uma forma de construirmos uma realidade diferente e esse momento é muito importante para isso. A caminhada foi uma ação do Estado, que Irati abraçou”.
A Caminhada do Meio-Dia, em Irati, saiu da Rua da Cidadania e seguiu até a Praça da Bandeira, onde várias participantes se manifestaram. Também estavam presentes familiares de vítimas, que carregaram faixas pedindo o fim de casos de feminicídio.
Mais de 70 municípios paranaenses, além da capital, Curitiba, também participaram. Leandre Dal Ponte, secretária de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, reafirmou que há uma determinação firme do Paraná em criar recursos e políticas públicas para acabar com a violência contra a mulher e reduzir o número de óbitos pelo crime de feminicídio.
"São milhões de mulheres vivendo em ambientes violentos, vítimas de violência e assédio, moral, emocional e sexual. Isso tem que acabar e precisamos de uma grande mudança cultural. Por isso, o governo do Estado lançou a campanha Paraná Unido no Combate ao Feminicídio, pelo fim da violência contra a mulher. Vamos construir um Estado que as mulheres possam se sentir protegidas e respeitadas", afirmou a secretária.
DATA - O Dia Estadual de Combate ao Feminicídio foi criado após uma lei sancionada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior. O dia 22 de julho foi escolhido em referência à morte da advogada Tatiane Spitzner, de Guarapuava. Spitzner foi morta pelo marido em 2018, ao ser jogada da sacada do apartamento onde o casal morava. Luiz Felipe Manvailer foi condenado a mais de 30 anos de prisão pelo crime.
FEMINICÍDIOS – O crime de feminicídio foi tipificado em 2015, quando o Código Penal foi alterado para incluí-lo como um crime cometido pela condição de mulher, seja no contexto de violência doméstica e familiar ou por menosprezo ou discriminação à condição da mulher. As motivações são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda do controle e da ideia de que as mulheres são sua propriedade. Segundo dados do Ministério Público do Paraná (MP-PR), em 2022 foram registrados 274 casos de feminicídio ou tentativa de feminicídio no Estado. De 2019 a 2022, foram 314 feminicídios e 911 homicídios dolosos contra mulheres.